Lucro x Propósito
Reflexão sobre o papel das empresas na sociedade
Na semana passada tive oportunidade de participar como convidada da 11ª reunião do Conselho Consultivo Internacional da Fundação Dom Cabral. O encontro reuniu 60 pessoas de mais de 20 países para discutir como as empresas podem conciliar performance (lucro, crescimento, margem, competitividade) e progresso (prosperidade e bem-estar social, inclusão e respeito ao meio ambiente e recursos naturais).
A Fundação Dom Cabral é considerada uma das 10 melhores escolas de educação executiva do mundo e forma 25.000 líderes empresariais anualmente. Fiquei impressionada com o cuidado com que a Fundação organizou o encontro e a preocupação em como continuar aprimorando o currículo seguindo tendências globais, de maneira a contribuir para o desenvolvimento econômico do Brasil com respeito aos recursos naturais e prosperidade social.
O pano de fundo das discussões sobre alinhamento entre performance e progresso foram as recentes tragédias das mineradoras em Minas Gerais, que causaram graves danos ambientais e perdas humanas. A Fundação organizou vista a Paracatu de Baixo, onde participantes da reunião puderam ouvir pessoas atingidas diretamente pelo desastre e entender os efeitos da tragédia quase quatro anos depois. O estado de Minas Gerais e a econômica brasileira dependem da mineração. Mas acidentes como esses não podem mais ser tolerados. Para evitar riscos de novos desastres humanitários e ambientais, é necessário refletir: o que precisa mudar no "mindset" empresarial? O que é preciso mudar na educação corporativa?
Recentemente um grupo das 200 maiores empresas do EUA , o The Business Roundtable, publicou um comunicado dizendo que o objetivo principal de uma empresa não deveria ser somente gerar lucro aos seus acionistas, mas também gerar valor para todos os "stakeholders", o que inclui funcionários, clientes e fornecedores, além de promover práticas sustentáveis e fomentar diversidade, inclusão e respeito. Esse comunicado foi um marco importante para o setor corporativo, marcando um início de mudança de mentalidade, mas está muito longe de ser unânime. Muitos empresários responderam com ceticismo.
Por outro lado, muitas empresas já chegaram à conclusão de que, sem propósito, respeito ao meio ambiente e políticas inclusivas, será difícil recrutar talentos das novas gerações. As novas gerações também tenderão a consumir produtos de marcas socialmente inclusivas e que respeitam o meio ambiente, que abraçam transparência e boas práticas de governança.
As lideranças empresariais precisam estar preparadas para essa nova era, assim como as escolas de negócios têm enorme responsabilidade em aprimorar o curriculum que forma esses líderes.
As práticas de responsabilidade social corporativa precisam ser aprimoradas, e empresas precisam melhorar a forma com que interagem com as comunidades onde estão inseridas. É necessário saber ouvir.
Esse é um momento em que empresas estão começando a entender que lucro e propósito não são forças opostas. Melhores condições de trabalho podem significar funcionários mais produtivos, produtos que respeitam o meio ambiente podem levar a aumento nas vendas, e propósito faz sentido.
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